Uma amiga leu um post meu, preocupou-se e mandou-me um email. Esclarecemos as coisas (longe de mim querer amigos preocupados), trocamos impressões, desabafos e força.
Dizem-me pessoas ajuizadas que as 3 coisas mais stressantes da vida são planear um casamento, ter filhos e comprar casa. Dado que não quero as 2 primeiras, entendo agora a razão da terceira me estar a tentar provocar um enfarte do miocárdio.
Como diria uma amiga, brindo a mim, aos meus, aos que gostam de mim e os outros que se fodam. Venham de lá as invejas, os ódios, o mau-olhado, o karma, as mezinhas e tudo o mais que eu hei-de morrer de pé...
Maio é aquele mês ranhoso em que se me acabam as séries todas. Os senhores que criaram o Smash acharam que ficavamos satisfeitos só com 15 episódios, o Big Bang Theory e o Grey's Anatomy findaram-se agora até ao fim do ano, o Sherlock e o Downtown Abbey não se sabe quando regressam, e agora senhores, que raios é suposto eu ver na TV?
Não me incomodam pessoas magras, longe disso, aliás as minhas amigas quase todas peso pluma. Mas incomodam-me, e muito, pessoas perfeitamente saudáveis que não comem, que têm dilemas existenciais com a comida e deitam qualquer racionalidade pela janela, que me diriam 'ai estás tão gorda, tens de ter cuidado'. Não me entendam mal, com esses comentários posso eu bem. Incomoda-me sim, que existam pessoas para quem vestir um S em vez de um L seja fundamental e que diariamente se privam de coisas prazerosas em prol de uma ideia ou uma imagem. Fosse a vida tão linear e eu não tinha amigas hipertensas com 32 anos, ou outra que quer engordar e não consegue, ou outra que definha quando o sistema nervoso ataca ou ainda outra que não engorda quase nada mesmo comendo o mundo inteiro e mais Marte.
Sou gorda sim, mas consciente disso e garanto que não é de ar e vento. Posso culpar o facto de eu saber apreciar um belo bacalhau com natas, umas lulas estufadas, um bife rolha, um molho pimenta, uma feijoada, e as sobremesas, hummm, é melhor não entrar por aí.
Mea culpa? Sim. Gorda? Sim. Mas feliz e consciente da importância de não proibir, mas sim de reduzir, ter tento, e não sucumbir ao auto-flagelo quando a nata ou a carne de porco à alentejana ganham a batalha.
mas durante um bom bocado achei que os moços iam deixar que a taça lhes caisse das mãos e rolasse até trafford!
